O Curso de Formação de Agentes de Leitura na Rede Cruzada surgiu da necessidade da Casa de Leylá em dinamizar o espaço de sua recém-instalada biblioteca. Para isso seria necessário preparar educadores e monitores, a partir de um programa de educação continuada, para que ganhassem mais intimidade com a leitura e com os livros, tornando-os educadores-leitores. Este foi o desafio que levou Angela Brant, coordenadora de projetos especiais e mobilização da Rede Cruzada, a procurar Maria Helena Ribeiro Santos, pedagoga e pesquisadora vinculada ao Instituto Interdisciplinar de Leitura da PUC-Rio e à Cátedra UNESCO de Leitura. O objetivo era o desenvolvimento de um programa especialmente direcionado para a Rede Cruzada, que pudesse transformar a prática dos educadores dentro e fora da sala de aula.
A Gerente Sócio Pedagógica da Rede Cruzada, Cátia Rento, explica que a contação de histórias é uma das ferramentas mais utilizadas na Rede Cruzada e, mesmo antes do curso, já era uma prática adotada em sala de aula em todas as unidades da rede. Isso porque a ‘Leitura’ é um dos eixos principais do tripé do projeto sócio educativo da instituição, que trabalha também os eixos do ‘Brincar Pedagógico’ e da ‘Família’.
O Curso de Formação de Agentes de Leitura teve uma carga horária de 72h e aconteceu, ao longo de 18 sábados, na biblioteca da Casa de Leylá. No total, 20 participantes concluíram o curso, entre monitores e educadores da unidade anfitriã e também da Unidade Plantando o Amanhã. De acordo com a avaliação de Patrícia Coda, coordenadora da Casa de Leylá, o curso foi excelente, tanto pelo programa quanto pela qualidade dos professores especialistas, referências em suas áreas de atuação.
– O que mais me chamou a atenção foi a excelência desse curso. A “Excelência”, que é um valor da Rede Cruzada, se reflete também na escolha dos nossos parceiros e, quando vi o currículo dos profissionais, me impressionei. O meu maior prazer nesse processo foi termos dado oportunidade de proporcionar ao nosso público, de forma gratuita, acesso a uma formação educacional de altíssimo nível. Estamos vivendo a excelência na prática, trazendo o que há de melhor no mercado para dentro da Instituição e, a partir daí, percebemos todos os outros resultados porque quando você investe em algo bom, o resultado é positivo – avaliou Patrícia.
O impacto na rotina dos educadores e monitores que participaram do curso, seja dentro ou fora de aula, também chamou a atenção de Patrícia. Ela conta o exemplo da monitora Raquel Eleotério da Silva. Ela não tinha formação como educadora, muito embora já tivesse experiência com crianças e, segundo Patrícia, ela tinha um talento natural para contar histórias e foi uma das primeiras a se inscrever. A própria Raquel relata que pôde levar todo esse aprendizado para dentro da casa.
– Eu tenho um filho de 10 anos, que gosta muito de ler, e uma menina de 7 anos. Apliquei com eles tudo o que eu aprendi no curso. Meu marido organizou uma estante dentro de casa e organizei os livros. Depois que eu expus os livros na minha casa, passei a ler mais, contar as histórias para os meus filhos e incentivar ainda mais o hábito da leitura neles – contou a monitora.
Outra história que mostra resultados positivos vem do relato da Rafaela Bazílio Domingos, educadora da turma do Pré II, da unidade Plantando o Amanhã. Segundo ela, mesmo tendo formação superior em Letras, não recebeu na universidade uma base sólida sobre Literatura Infantil, o que o Curso de Formação de Agentes de Leitura acabou lhe proporcionando. Ela percebeu esse aprendizado como um acréscimo valioso à sua formação acadêmica.
– A minha experiência foi superpositiva e acho que o Curso de Formação de Agentes de Leitura foi um divisor de águas para a minha prática como educadora social. As técnicas que aprendi estão sendo muito importantes, foi um processo enriquecedor porque abriu os horizontes para o meu trabalho em sala de aula. Hoje, eu não só conto uma história para as crianças. A gente conversa sobre o livro, sobre a capa do livro, sobre o autor, sobre o ilustrador e exploro com as crianças os pontos que gostaram mais – relatou a educadora.
Quem também se surpreendeu com a riqueza do aprendizado foi a educadora da sala de leitura, do Plantando o Amanhã, Jaqueline Estrêlla. Segundo ela, os professores instigavam a curiosidade e a busca por novas formas de alcançar as crianças pela leitura, fazendo-as olhar de uma forma diferente para os livros e fazendo com que ela, como educadora, superasse velhos hábitos que pudessem ter se tornado maçantes e rotineiros.
A avaliação geral é a de que essa formação cumpriu com o seu objetivo.
– O que fizemos foi encantar o educador pela leitura e pela contação de história e isso teve uma repercussão muito forte. Pude ouvir de familiares e de outros educadores relatos de que, ainda durante o curso, já estava havendo uma transformação na sua atuação em sala de aula. Acredito que esse curso tem potencial para ser repetido com outros temas. Espero que possamos voltar para reforçar esse aprendizado e ensinar outras práticas leitoras – concluiu a professora Maria Helena Ribeiro Santos.
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